quinta-feira, 27 de maio de 2010

O dia em que os mortos quase mataram

Era uma tarde ensolarada no oeste paranaense, na 15ªSubdivisão Policial de Cascavel a agitação era plena. Oito corpos tinham sido recolhidos na localidade de Salto Portão, numa chacina típica da época. O ano, 1977 e o IML (Instituto Médico Legal) funcionava no mitório da Cadeia, à época situada na rua Rio de Janeiro com Duque de Caxias, onde hoje é o Centro Cultural Gilberto Mayer.
Médico Legista não existia e quem fazia as vezes deste, era o doutor Moacir Jorge, proprietário de um hospital onde hoje é o Hotel Plaza. Nunca o médico entrou no mitório para ver um corpo. Numa das salas da delegacia ele recebia um relatório oral do então auxiliar Sebastião Dias, o "Tiaozinho", que além de um problema físico, ainda tinha seu estado agravado por um "delirius tremis" causado pelo excesso de aguardente que constantemente ele ingeria e que acabou levando-o ao túmulo anos mais tarde.
Nesse dia os corpos foram acomodados encima do coxo que era utilizado para as necessidades fisiológicas masculinas, e foram empilhados de modo a permitir a passagem do auxiliar de necrópsia.
Para não ser incomodado, Tiaozinho fechava a porta com um pé de cabra e dessa forma ninguém entrava no banheiro. Mas a sorte dele estava ameaçada nesse dia. Ao entrar no banheiro, calçou a porta com a ferramenta e tentou adentrar para começar a cortar os cadáveres. Desiquilibrado pelo excesso de aguardente no corpo e pelas deficiências nas pernas, foi ao chão e na tentativa de manter-se em pé, tentou segurar no que pudesse, pegando um dos cadáveres como apoio. Não adiantou e ele foi ao chão, não sem antes provocar a queda dos corpos que empilhados numa base não maior que 30 centímetros, cairam sobre o corpo do infeliz auxiliar.
Quando ele conseguiu esboçar os primeiros ruídos, agentes e alcaguetas que proliferavam nos corredores da delegacia, todos munidos de sua inseparável carteira de "Inspetor de Quarteirão" começaram a aventar que nem todos os defuntos estavam mortos. Tentaram abrir a porta, mas por estar calçada, não tinham acesso. Pela minúscula janela só era possível ver um monte de corpos no chão do banheiro. Enquanto isso, Tiaozinho sufocava sob os defuntos, até que o delegado Teixeira chegou, mandou arrebentar a porta e dessa forma salvou Tiaozinho, para que anos mais tarde ele acabasse com a vida de um jovem advogado nas proximidades da Catedral, perto de onde também sucumbiu Antônio Heleno dos Santos, mas esses são outros "causos".

NO FIM SOU BRANCO

  Não tenho tempo para odiar A cor da pele não importa Amo sem preconceito Felicidade muda o mundo Só posso ser feliz amando. Te a...