Criança recebe ajuda de programa das Nações Unidas no Iêmen (Foto: Mohamed al- |
Uma terrível realidade. E que muitos parecem desconsiderar. A luta por
comida no mundo tem chegado a níveis assustadores. Ertharina Cousin, principal
coordenadora do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações
Unidas (ONU), afirmou recentemente que pela primeira vez a organização responde
simultaneamente a cinco grandes crises. Mais: o PMA oferece apoio ao maior
número de refugiados desde o fim da 2ª Guerra Mundial. Terrível realidade. Uma
prova a mais de que as barbaridades humanas - sejam praticadas por governos,
empresas e até mesmo ONGs - não têm limites. Em entrevista à Agência France
Press (AFP), Cousin disse que o número de pessoas que precisam de ajuda
alimentar continua a crescer. Devido à escassez de financiamento e às crescentes
demandas das quatro maiores crises humanitárias no mundo, de refugiados e dos
países afetados pelo ebola, Cousin contou que o PMA precisou reduzir algumas
remessas e distribuições. Ela destacou as crises no Iraque, na Síria, na
República Centro-Africana e no Sudão do Sul, além das centenas de milhares de
pessoas afetadas pelo surto de ebola no oeste da África e os mais de 50 milhões
de refugiados no mundo. O PMA é financiado por doações e cerca de 90% de seu
orçamento vem de governos, muitos dos quais enfrentam seus próprios desafios
financeiros e domésticos, ela lembrou. "Então nós imploramos que eles
continuem a ajudar porque nós vivemos em um planeta muito pequeno e não podemos
priorizar uma criança faminta em vez de outra", acrescentou. Mesmo na
Síria, onde o programa elevou o número de pessoas atendidas para 4,1 milhões,
após trabalhar durante anos para ampliar o acesso a alimentos no país, será
preciso reduzir a quantidade de comida distribuída, informou Cousin. No Iraque,
a organização apoia cerca de 880 mil pessoas e tenta chegar a 1,1 milhão. No
oeste da África, a autoridade disse que o PMA está trabalhando com a
Organização Mundial da Saúde desde março para fornecer comida aos que precisam
de tratamento médico para o ebola. A agência concede alimentos a mais de 185
mil pessoas na região e tenta elevar este número para um milhão. Cousin também
afirmou que o programa ajudou a conter a fome na República Centro-Africana e
espera fazer o mesmo no Sudão do Sul, onde não houve época de colheitas. O caso
do Brasil, ainda que com inegáveis avanços recentes no combate à fome e à
miséria, inspira atenção. Muita atenção. Em Pelotas, iniciativas como o
Banco de Alimentos Madre Tereza de Calcutá trazem alento e uma mínima
possibilidade de futuro a mais de mil famílias. Sim, mil famílias que dependem
da iniciativa para sobreviver e acreditar em dias melhores. A voz da fome fala
alto. É preciso, urgentemente, ouvi-la.
D.POP
Publicado no diHHITT
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