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terça-feira, 7 de julho de 2015
Escravidão:Quem é escravo e quem é livre?
Hoje falando com alguns colegas, surgiu o tema da escravidão nos nossos dias. Talvez influenciados (como o resto da população) pela matéria do Fantástico de semanas passadas . Diversos comentários surgiram, até Machado de Assis foi mencionado, mas todos eles, em geral confirmaram minha antiga suspeita que somente podem-se escravizar aqueles que mentalmente aceitam serem escravos. Concordo com os seus argumentos que dizem que muitas pessoas não podem evitar ou escapar da escravidão. Mas, meu argumento é: estou falando da escravidão mental, da escravidão cultural, da qual muitos poucos se apercebem. Suas correntes são invisíveis e leves, algumas vezes até de material nobre e caro. Já tenho ouvido histórias de pessoas que foram capturadas e forçadas à escravidão, mas nunca foram escravos nas suas almas ou corações. Conheço outras que aparentemente são livres, no entanto vivem acorrentadas e prisioneiras de seus vícios, medos ou carências. Medo de perder o emprego e não poder pagar as contas. Carência de afeto, amor da família que leva a aceitar companhias das quais não se gostam. Vícios que nos tornam dependentes e nos levam a fazer coisas contra a vontade. Teve um revolucionário no início da revolução pela independência da Argentina da Espanha, cujo nome era Mariano Moreno e quando numa das reviravoltas da guerra foi aprisionado e enviado de volta para Espanha, escreveu nos muros da prisão: - Bárbaros, as ideias não se matam. Parafraseando podemos dizer, podem acorrentar meu corpo, mas meu espírito sempre será livre. Os argumentos que são usados para recrutar alguém que está morrendo de fome: - Posso dar-lhe trabalho para ajuda-lo, mas somente posso pagar com comida. O engraçado é que a pessoa fica até agradecido pelo gesto de bondade do empregador. Da mesma maneira aceitamos ganhar menos do que deveríamos pela oportunidade de trabalhar. Aceitamos um salário mínimo para poder trabalhar, quando essa remuneração nos tira toda a dignidade que nos resta. Ficamos gratos quando nos dão um aumento de 10%, 2% ou 3 % de ganho real (?), enquanto os políticos, funcionários públicos e seus acólitos ganham aumentos de 20 ou 30% sobre ganhos muito maiores do que o mínimo de um trabalhador comum. Aceitamos trabalhar 35 ou 40 anos para receber aposentadorias que nos denigrem e baixam nossos níveis de vida, enquanto os outros já mencionados trabalham poucos anos e tem direito a aposentadorias 10, 20 vezes maiores que as nossas. Aceitamos que nossos seguros de saúde aumentem e não possamos paga-los ou não nos aceitem como segurados quando mais os necessitamos. Quantos calam em lugar de falar o que pensam ou o que sabem por medo? Falem para mim: Quem é escravo e quem é livre? Ricardo Irigoyen.
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